Exame promete diagnosticar mal de Alzheimer, doença para a qual ainda não há cura.

Por Gina Kolata. Do New York Times

Pesquisadores revelam que um novo teste com o liquor, o líquido da medula espinhal, pode ser eficaz na identificação de pacientes com perda de memória significativa que estejam a caminho de desenvolver doença de Alzheimer. Embora haja indícios crescentes do valor deste e de outros testes na detecção de sinais precoces de Alzheimer, o estudo, publicado na "Archives of Neurology", revela o quão precisos eles podem ser. O estudo é mais uma boa notícia dentre as descobertas recentes sobre o mal de Alzheimer.

Depois de décadas em que nada de novo parecia acontecer na área, em que essa progressiva doença cerebral parecia ser completamente incurável e cujo diagnóstico só podia ser confirmado na autópsia, o campo parece ter, finalmente, acordado.

O mal de Alzheimer começa uma década ou mais antes que as pessoas apresentem os primeiros sintomas da doença. Mas, quando os sintomas surgem, pode ser muito tarde para salvar o cérebro de lesões irreparáveis.

Novas drogas em desenvolvimento

A esperança, hoje, é encontrar formas de identificar as pessoas que estão desenvolvendo a doença e estudá- las com a finalidade de identificar quanto tempo leva para que os sintomas surjam. E também em pesquisas para o desenvolvimento de drogas capazes de retardar ou mesmo bloquear a progressão da doença.

Pesquisadores já encontraram formas simples e precisas de detectar o Alzheimer muito antes de os sintomas definitivos surgirem. Além do teste com o liquor, novos exames de PET scan do cérebro já são capazes de revelar as placas amiloides indicativas da doença.

Centenas de novas drogas estão sendo testadas na esperança de mudar o curso da doença que causa a morte inexorável das células do cérebro e rouba a memória, a razão e a habilidade de pensar das pessoas.

- É por isso que todo mundo está procurando a grande meta da precisão prognóstica - afirmou Steven DeKosky, da Escola de Medicina da Universidade da Virgínia, que não participou do estudo.

Para John Morris, professor de neurologia da Universidade de Washington, o novo estudo "estabelece a existência de uma assinatura do Alzheimer, e isso é significativo".

Muito trabalho ainda resta pela frente, mas, para os pesquisadores, o futuro é promissor. Embora os PET scans desenvolvidos para Alzheimer ainda não estejam disponíveis comercialmente, os testes com fluido da medula espinhai já estão.

Mas a situação também levanta uma questão difícil: os médicos devem oferecer - ou os pacientes devem aceitar - testes para o diagnóstico de uma doença ainda incurável? No caso da pesquisa, os pacientes não foram comunicados de sua condição, mas, na prática, muitos acabarão sabendo.

Alguns especialistas dizem que esta deve ser uma decisão do médico e seu paciente. Outros, no entanto, dizem que os médicos não deveriam prescrever os testes. Segundo eles, o teste ainda não seria suficientemente seguro, uma vez que os únicos pacientes submetidos a ele foram cuidadosamente selecionados para que não apresentassem nenhuma outra condição, como derrame ou depressão, que pode afetar a memória.

- Os avanços na área estão mui-1 to rápidos - afirmou DeKosky. - Já é possível fazer um teste e os médicos de ponta vão usá-lo.

No entanto, é o próprio autor do estudo, John Trojanowski, da Universidade da Pensilvânia, que levanta a questão sobre a validade de fazer um exame para uma doença para a qual não há cura ainda.

0 novo estudo foi feito com mais de 400 pacientes acima dos 70 anos, 114 com memória normal, 200 com problemas de memória e 102 com Alzheimer. O exame busca por indícios de beta-amiloide no fluido espinhal. A be- ta-amiloide é uma proteína que forma as placas cerebrais características da doença. O exame também busca outra proteína que se acumula nas células nervosas do cérebro.

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