Eutonia

A Eutonia apresenta-se como um enfoque profundo de processos e necessidades inerentes à natureza do ser humano. Gerda Alexander criou um sistema de trabalho e reconhecimento do corpo profundamente alicerçado em estudos de anatomia, fisiologia, psicologia, em que a pedagogia exerce um papel rigoroso, claro e coerente. A palavra Eutonia vem do grego: eu = harmonioso, bom e tonia = tônus tensão. Foi adotada por Alexander em 1956 para designar a possibilidade de um estado tônico equilibrado - com isso ela se refere tanto ao tônus muscular quanto ao psíquico e ao neurovegetativo.

É muito difícil explicar ou escrever "o que é Eutonia" pois basicamente trata-se de um conhecimento que se realiza via linguagem corporal, mas podemos defini-la de certo modo dizendo que a Eutonia, como uma terapia pedagógica ou uma pedagogia terapêutica, de abordagem psicofísica abrange procedimentos de reeducação postural, reorganização neurológica em que a pessoa não é vista como paciente (passivo) mas como agente (ativo) no seu processo de "encontro" com seu corpo (autoconhecimento), seja num trabalho objetivando o equilíbrio ou alinhamento da coluna vertebral, numa escoliose ou numa patologia como a hemiplegia ou ainda num caso de prolapso discal para citar exemplos.

A Eutonia se realiza em sessões regulares, que podem ser individuais ou em pequenos grupos, dependendo do caso e da pessoa, com duração média de uma hora, que em casos normais (desconsiderando-se estados críticos e alguns de certa gravidade) devem se repetir uma vez por semana, e são constituídas de movimentos (que por vezes são suaves ou até sutilíssimos), toques, propostas as mais variadas para estimular o sistema nervoso, estas com ação ou sem ação; em certos momentos são sugeridos procedimentos que vão desde o movimento mais simples envolvendo uma só articulação até incontáveis variantes com duas ou mais partes do corpo, incluído sempre os aspectos: tempo, ritmo, esforço, direção no espaço, observação da ação da gravidade, para citar alguns; estes movimentos são quase sempre acompanhados pela atitude de "estar presente", de atenção àquilo que se faz no momento, como executa, como se sente, como percebe, como se sentiu. Um dos aspectos fundamentais na Eutonia refere-se ao respeito que o terapeuta/eutonista e o aluno devem observar em suas ações relativamente às suas limitações, ao tempo de "assimilação" de cada proposta, de cada movimento. Nas sessões individuais ou em grupo, o eutonista utiliza diversos objetos ou instrumentos que têm importante função; nem sempre os exercícios ou procedimentos são transmitidos oralmente, sendo que evita-se de toda forma "mostrar como fazer" para evitar a cópia e repetição pura e simples, e por vezes o eutonista não toca diretamente o corpo do aluno. Assim sendo, utilizará objetos tais como: bambus, pranchas de madeira, bolinhas de diversos tamanhos e texturas, almofadas, e outros objetos que podem ser vistos desempenhando a função do objeto transicional, no sentido descrito pelo psicanalista Donald Winnicott.

As propostas orais que são veiculadas durante as sessões/aulas devem ser simples, claras, diretas, sem o uso de expressões que busquem influenciar o modo de execução ou o estado psicológico do eutonizando, como o fazem os métodos de indução ao relaxamento ou aos estados eufóricos, passando por diferentes estados de ânimo. A atividade do eutonista em seu contato com o aluno deve ser a de "neutralidade", para usar um termo específico de Gerda Alexander, tanto no contato (comunicação) oral como no visual ou no tátil. Sua presença deve ser receptiva, jamais impositiva ou aquela que vise de alguma maneira influenciar o aluno que desta forma estará apto a perceber que tem um campo livre durante a sessão para a ocorrência de quaisquer manifestações/sensações/percepções/comentários que possam emergir.

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