Clonagem

Processo de reprodução assexuada que resulta na obtenção de cópias geneticamente idênticas de um mesmo ser vivo - microrganismo, vegetal ou animal. A clonagem pode ser natural ou induzida artificialmente. Ela é natural em todos os seres originados a partir de reprodução assexuada, ou seja, na qual não há a participação de células sexuais (gametas), como é o caso das bactérias, dos seres unicelulares ou mesmo da grama de jardim. A clonagem natural também pode ocorrer em mamíferos, como no tatu e, mais raramente, nos gêmeos univitelinos. Nos dois casos, embora haja reprodução sexuada na formação do ovo, os descendentes idênticos têm origem a partir de um processo assexuado de divisão celular.

A clonagem induzida artificialmente é uma técnica da engenharia genética aplicada em vegetais e animais, ligada à pesquisa científica. No caso de vegetais, baseia-se na plantação de brotos e na criação de enxertos, nos quais são implantados brotos de plantas selecionadas em caules de outros vegetais. Essa técnica é utilizada em larga escala em muitas culturas comerciais, com a finalidade de aumentar a produção, melhorar a qualidade e uniformizar a colheita.

Em se tratando de animais, podem ser usadas como matéria-prima células embrionárias ou células somáticas (todas as células do corpo humano, com exceção das reprodutivas), que são introduzidas em óvulos anucleados (sem núcleo) artificialmente. Em 1952 é realizada a primeira experiência do gênero, a clonagem de rãs a partir de núcleos de células somáticas. Em 1970 são feitas pesquisas com embriões de rato e, nove anos depois, com ovelha. Em 1993, cientistas norte-americanos clonam embriões humanos, mas posteriormente destroem as sementes.
Em fevereiro de 1997, um grupo de cientistas escoceses, liderado pelo escocês Ian Wilmut, anuncia a realização da primeira cópia genética (clonagem) de um mamífero adulto a partir de uma célula somática: a ovelha da raça finn-dorset batizada de Dolly. Na experiência, os pesquisadores usam uma célula da glândula mamária, cujo núcleo (onde está armazenado o material genético) é retirado e transferido para um óvulo anucleado. Essa nova célula formada com o auxílio de uma corrente elétrica é então implantada no útero de uma terceira ovelha, na qual Dolly foi gerada. Em teoria, ela é geneticamente idêntica à ovelha da qual se retirou o núcleo da célula mamária. A novidade é que Dolly é clonada a partir de uma célula de um animal adulto, e não de um embrião.
Entretanto, em fevereiro de 1998 cientistas colocam em dúvida o experimento, pois nenhuma outra equipe, nem a do próprio Wilmut, conseguiu gerar outro clone a partir de células adultas. Outro ponto questionado é que o pesquisador escocês utilizou células congeladas da "mãe" de Dolly - que já estava morta - e, entre elas, podia haver alguma célula embrionária, o que tira a novidade da descoberta.
Há duas diferenças básicas entre a clonagem induzida em animais feita a partir de células embrionárias e a realizada com células não reprodutivas. Os clones obtidos a partir de células embrionárias são limitados, pois cada ovo oferece somente de oito a 16 células capazes de gerar embriões. Além disso, como o embrião-clone deriva de um ovo, não se pode saber qual é o resultado final, pois ele é o produto de uma fecundação que contém uma combinação gênica desconhecida, que ainda não manifestou suas características. Quanto aos clones obtidos a partir de células não reprodutivas, o resultado é certo, pois já se conhece o ser adulto que vai originar os clones. Nesse caso pode ser feito um número ilimitado de cópias.
O desenvolvimento e a expansão da técnica da clonagem e da própria engenharia genética abrem a possibilidade para a reprodução de órgãos humanos vitais para transplantes, a melhora genética de vegetais e raças animais e a multiplicação de animais de espécies em extinção, como o urso panda e o rinoceronte branco. Ao mesmo tempo dá início a uma discussão sobre os limites éticos e científicos da clonagem. No decorrer de 1998, os que ainda estavam céticos sobre a clonagem da ovelha Dolly ficaram definitivamente convencidos. Primeiro porque em maio a experiência foi examinada cuidadosamente por uma equipe independente, concluindo que não havia possibilidade de erro. Em julho, afinal, a proeza foi repetida, dessa vez com nada menos que 50 ratos adultos. Eles foram clonados com sucesso por John Burns, da Universidade do Havaí, em Honolulu.

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