Aprovado o primeiro teste clínico para tratar tumores cerebrais com células-tronco

O ensaio terapêutico, que acaba de ser aprovado pelo FDA (Agência americana Food and Drug Administration), será conduzido por pesquisadores americanos liderados pelas Dras. Karen S. Aboody e Jana Portnow do City of Hope, na California. Trata-se de um centro especializado em tratamento de câncer, diabetes e outras doenças graves. O interessante é que o objetivo não é usar as células-tronco para substituir as células doentes. Elas serão usadas como veículo para transportar uma potente droga anti-cancerígena com o objetivo de tentar destruir um tipo de tumor cerebral muito agressivo, o glioblastoma. Se a experiência for bem sucedida será mais uma vitória obtida a partir das pesquisas com células-tronco embrionárias.

Os tumores cerebrais malignos atingem mais de 20.000 americanos anualmente.

Existem vários tipos de tumores cerebrais malignos. Dentre eles, o mais comum em adultos é um tipo de tumor denominado glioblastoma que é extremamente agressivo. São tumores muito invasivos que são resistentes aos métodos convencionais de tratamento como cirurgia, radiação ou quimioterapia. Um dos grandes obstáculos é a chamada barreira hematoencefálica, que não permite que drogas anticancerígenas potentes cheguem até a região encefálica onde está localizado o tumor, sem fazer um grande “estrago” em volta. E é aí que entram as células-tronco neurais. Elas vão ser usadas para levar drogas diretamente na região do tumor. Se bem sucedida, essa estratégia poderá ser usada para tratar vários tipos de tumores sólidos.

Células-tronco neurais dirigem-se naturalmente para os tumores

A Dra. Karen e colegas foram os primeiros a demonstrar no ano 2000 que essas células-tronco neurais têm uma tendência de dirigir-se a células tumorais atravessando a barreira hematoencefálica. Resolveram então usar essa característica, também chamada de tropismo, para transportar agentes terapêuticos. Introduziram em uma linhagem de células-tronco neurais, uma enzima (citosina deaminase) que têm a propriedade de converter uma droga relativamente não tóxica em um poderoso agente quimioterápico contra células cancerosas.

Essa estratégia permitirá minimizar os efeitos colaterais e permitir um tiro certeiro

A grande vantagem é que a droga não tóxica pode ser administrada pela circulação e só será transformada no composto tóxico na região do tumor onde estarão as células-tronco neurais , afetando o mínimo possível as células saudáveis vizinhas. Se bem sucedida, essa estratégia poderá minimizar os terríveis efeitos colaterais dos tratamentos quimioterápicos atuais que atingem o trato gastrointestinal, a pele e provoca, entre outros, a queda dos cabelos. Ao invés de tiro de canhão será possível atirar e atingir somente o alvo, no caso, o tumor.

A esperança será grande - A pesquisa que será iniciada em breve incluirá de 12 a 20 pacientes nessa primeira fase. City of Hope, em inglês significa Cidade da Esperança, um nome emblemático. A torcida será enorme. Se a experiência for bem sucedida, será mais uma demonstração da importância de se ter aprovado as pesquisas com células-tronco embrionárias.

Células-tronco e câncer - Para quem tiver interesse, nesse domingo, dia 13 de junho, no Clube Hebraica, o prof. Dov Zipori do Weizmann Institute de Isrtael, ministrará a palestra “Células Tronco: a revolução em curso na biologia e na medicina”. A palestra é em inglês. A entrada é grátis. Inscrições no email: weizmann.br@gmail.com

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