O primeiro teste do mundo com células-tronco embrionárias em seres humanos está previsto para começar até o fim do ano nos EUA. De 8 a 10 pacientes com lesão na medula receberão injeções de células de embrião humano que, se espera, serão capazes de restabelecer movimentos de braços e pernas. Nesta primeira etapa, o objetivo é averiguar a segurança do tratamento. Se der certo, novos testes medirão sua eficácia. Cientistas brasileiros dizem que o teste é um divisor de águas e que, em breve, deve ser feito também no país.
Roberta Jansen
A Administração de Drogas e Alimentos dos EUA (FDA, na sigla em inglês) deu sinal verde ontem para a realização do primeiro teste com células- tronco embrionárias em seres humanos, num ato que promete ser um divisor de águas das terapias celulares. A experiência pioneira usará células desenvolvidas pela Universidade da Califórnia e a Geron Corporation em pacientes com lesão medular causadora de paralisia. Cientistas brasileiros consideraram a autorização um marco que abre caminho para, a médio prazo, termos estudos semelhantes no país.
0 teste em seres humanos já tinha sido autorizado para o mesmo grupo em janeiro do ano passado. Antes que o estudo começasse, no entanto, a própria administração o suspendeu porque cientistas constataram o crescimento de cistos em camundongos que haviam recebido células similares. A Geron teve então que desenvolver novas formas de garantir a pureza das células a serem injetadas e realizar um novo teste com roedores. Mediante resultados positivos, a FDA derrubou a suspensão.
Preocupação com a segurança
As células-tronco embrionárias têm a capacidade de originar qualquer outra célula do organismo. 0 grande objetivo dos cientistas é induzir o desenvolvimento de tecidos para substituir aqueles lesionados ou doentes. A terapia abre caminho para o tratamento de uma ampla gama de problemas, de lesão na medula a mal de Alzheimer.
Até hoje, no entanto, as células só foram testadas em animais. Embora cientistas tenham obtido resultados promissores, um teste em seres humanos nunca foi feito. 0 grande temor é que as células pluripotentes (com capacidade para se transformar em qualquer tecido) não se comportem exatamente como esperado e acabem gerando tecidos diferentes ou, pior ainda, tumores cancerígenos.
- Eles devem ter conseguido selecionar as células certas para que o teste seja mais seguro - explicou a geneticista Mayana Zatz, especialista em células-tronco do Instituto de Biociências da USP. - Numa população de células, há subpopulações. Se conseguirmos isolar as que formam cistos e retirá-las do processo, o teste fica mais seguro.
Este primeiro teste em humanos, de fase 1, tem por objetivo principal testar, justamente, a segurança do procedimento. Garantida a segurança do processo, novas fases checarão a sua eficácia. Anos de testes ainda serão necessários para que uma terapia possa ser aprovada e usada em grande escala em seres humanos.
- É importante deixar claro que se trata de um teste, é experimental - frisou Mayana, que estuda a aplicação de células-tronco em doenças neuromusculares- Nesta primeira fase, em que se testa a segurança, não há grande expectativa de resultado.
Fonte: O Globo
A Administração de Drogas e Alimentos dos EUA (FDA, na sigla em inglês) deu sinal verde ontem para a realização do primeiro teste com células- tronco embrionárias em seres humanos, num ato que promete ser um divisor de águas das terapias celulares. A experiência pioneira usará células desenvolvidas pela Universidade da Califórnia e a Geron Corporation em pacientes com lesão medular causadora de paralisia. Cientistas brasileiros consideraram a autorização um marco que abre caminho para, a médio prazo, termos estudos semelhantes no país.
0 teste em seres humanos já tinha sido autorizado para o mesmo grupo em janeiro do ano passado. Antes que o estudo começasse, no entanto, a própria administração o suspendeu porque cientistas constataram o crescimento de cistos em camundongos que haviam recebido células similares. A Geron teve então que desenvolver novas formas de garantir a pureza das células a serem injetadas e realizar um novo teste com roedores. Mediante resultados positivos, a FDA derrubou a suspensão.
Preocupação com a segurança
As células-tronco embrionárias têm a capacidade de originar qualquer outra célula do organismo. 0 grande objetivo dos cientistas é induzir o desenvolvimento de tecidos para substituir aqueles lesionados ou doentes. A terapia abre caminho para o tratamento de uma ampla gama de problemas, de lesão na medula a mal de Alzheimer.
Até hoje, no entanto, as células só foram testadas em animais. Embora cientistas tenham obtido resultados promissores, um teste em seres humanos nunca foi feito. 0 grande temor é que as células pluripotentes (com capacidade para se transformar em qualquer tecido) não se comportem exatamente como esperado e acabem gerando tecidos diferentes ou, pior ainda, tumores cancerígenos.
- Eles devem ter conseguido selecionar as células certas para que o teste seja mais seguro - explicou a geneticista Mayana Zatz, especialista em células-tronco do Instituto de Biociências da USP. - Numa população de células, há subpopulações. Se conseguirmos isolar as que formam cistos e retirá-las do processo, o teste fica mais seguro.
Este primeiro teste em humanos, de fase 1, tem por objetivo principal testar, justamente, a segurança do procedimento. Garantida a segurança do processo, novas fases checarão a sua eficácia. Anos de testes ainda serão necessários para que uma terapia possa ser aprovada e usada em grande escala em seres humanos.
- É importante deixar claro que se trata de um teste, é experimental - frisou Mayana, que estuda a aplicação de células-tronco em doenças neuromusculares- Nesta primeira fase, em que se testa a segurança, não há grande expectativa de resultado.
Fonte: O Globo
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