Coenzima Q10 (resumo de artigo do Dr Roger V Kendall, publicado na Revista de Oxidologia de dezembro/1994)

A coenzima Q10, CoQ10 ou ubiquinona, possui um papel importante no transporte de elétrons na mitocôndria, e no metabolismo no músculo cardíaco.

Nos últimos 20 anos foram publicados numerosos artigos de pesquisa e ensaios clínicos, além de vários livros e estudos importantes sobre o cofator essencial coenzima Q10 (CoQ10), intensamente pesquisado no Japão e nos Estados Unidos.

A principal área de pesquisa e avaliação crítica foi a das cardiomiopatias, onde os efeitos benéficos da terapia com CoQ10 de melhora da função cardíaca são particularmente evidentes em casos de insuficiência cardíaca congestiva, isquemia do miocárdio, angina péctoris e hipertensão arterial. Outras áreas de uso potencial incluem doenças periodontais, disfunções do sistema imunológico, diabetes mellitus e distrofias musculares.


A CoQ10 representa a medicina ortomolecular na sua verdadeira acepção. Ela é biossintetizada no tecido humano, mas a necessidade orgânica desse cofator essencial também pode ser suprida por meios dietéticos (encontrada na carne de vaca, sardinha, espinafre e no amendoim).

A CoQ10 é um nutriente ou agente terapêutico quase perfeito, devido à sua baixa toxicidade e porque a suplementação com CoQ10 não provoca perturbações maiores no metabolismo da CoQ10 endógena. Por último, ela pode ter efeitos extraordinários sobre o resultado do tratamento de uma série de graves condições mórbidas.

Algumas das propriedades biológicas da CoQ10 podem explicar seu papel biológico: Cofator essencial da produção celular de energia a CoQ10 é um componente essencial da cadeia respiratória mitocondriana da célula e desempenha um importante papel na produção de ATP, principal fonte de energia celular. A CoQ10 pode ser de grande valia para pacientes com grave insuficiência, ajudando-os a dar uma guinada dinâmica em seu estado geral.

Necessária para o uso eficiente de oxigênio. A CoQ10 também parece controlar o fluxo de oxigênio intracelular. Podemos compreender sua ação como uma diminuição da hipóxia e do impacto da isquemia sobre o coração em condições de aporte insuficiente de oxigênio.

Propriedades antioxidantes. Foi constatado que a CoQ10 desempenha um papel antioxidante inespecífico na célula e pode diminuir o dano potencial de radicais livres resultantes da peroxidação de ácidos graxos insaturados na célula.

Tais propriedades biológicas se refletem em ganhos nutricionais e benefícios para as condições gerais de saúde, particularmente nos seguintes 6 aspectos:

Melhora a produção de energia e a performance física. Os atletas, particularmente os de faixa etária mais avançada, podem ser beneficiados com o uso da CoQ10.

Melhora a função cardiovascular, regenerando tecidos lesados, e promove a melhora de distúrbios do sistema cardiovascular como a hipertensão arterial.

Previne e cura doenças periodontais. Estudando o tratamento das doenças periodontais com CoQ10, descobriram que o tecido gengival afetado era deficiente em CoQ10, enquanto o tecido saudável dos mesmos pacientes não apresentava essa deficiência. O tratamento com CoQ10 aumentou em muito o ritmo de cura do tecido afetado. A CoQ10 muitas vezes não apenas fez reverter o avanço da doença, mas estimulou o recrescimento de tecido saudável. Mostrou-se particularmente útil para diminuir a inflamação e a dor.

Estimula o sistema imunológico. A CoQ10 estimula o sistema imunológico enfraquecido ou comprometido, melhorando não somente produção de anticorpos e de linfócitos T, mas também como aumentando a atividade fagocitária. Incrementa o fluxo energético intracelular.

Neutraliza os radicais livres. É parte importante do sistema de defesa antioxidante da célula. Acredita-se que o dano oxidativo causado pêlos radicais livres contribua não apenas para o processo de envelhecimento, mas para a patogênese de muitas doenças cardiovasculares, neoplasias, artrites e vários distúrbios auto-imunes. A CoQ10, além de servir como cofator da produção de energia, funciona como um antioxidante tão eficaz quanto a vitamina E no tecido cardíaco, mas menos eficiente em tecido hepático. Este estudo sugere que a suplementação de CoQ10 deve ser incluída em qualquer programa antioxidante abrangente.

Retarda o processo de envelhecimento. A propriedade anti-envelhecimento pode ser devida à capacidade da CoQ10 de melhorar o estado de energia das células e aumentar a eficiência da utilização do oxigênio. Estudos demonstraram que o conteúdo de CoQ10 diminui com o avançar da idade, especialmente nos tecidos cardíaco e hepático. Protegendo as células contra a peroxidação, a CoQ10 aumenta a tolerância de idosos e sedentários ao exercício físico e pode corrigir falhas do sistema imunológico.

O declínio dos níveis de CoQ10 pode ser uma possível explicação para uma série de condições associadas ao envelhecimento, como uma maior vulnerabilidade às infecções bacterianas e virais ou uma maior prevalência de doenças periodontais. Estudos efetuados em ratos com CoQ10 demonstraram parciais de declínios na função imunológica relacionados com a idade. Além disso, constatou-se que a CoQ10 tem a capacidade de aliviar possíveis efeitos tóxicos das drogas comumente usadas para tratar doenças mais prevalentes em idosos, como neoplasias e hipertensão arterial. Com efeito, estudos demonstraram que, com a suplementação de CoQ10, doses mais elevadas dessas drogas podem ser usadas com efeitos mais contundentes contra as doenças em tratamento.

Assim sendo, seja por estimular a produção e o aproveitamento energético celular, corrigir falhas do sistema imunológico, por suas propriedades antioxidantes ou por sua capacidade de minorar efeitos tóxicos de drogas, a CoQ10 pode afetar favoravelmente os fenômenos de envelhecimento.

Estudos de longevidade em ratos demonstraram que a suplementação semanal de CoQ10 (em forma de emulsão) aumentou significativamente a duração da vida quando o tratamento foi iniciado no ponto médio da expectativa de vida. As doses usadas nos ratos foram mais ou menos equivalentes a dose de 30 miligramas por dia de CoQ10 utilizada em seres humanos.

A dosagem usualmente recomendada é de 10 a 20 mg por dia.

A coenzima Q10 está contra-indicada para pacientes portadores de deficiência renal grave; pode ocorrer palpitação e sudorese.

Para maiores informações sobre Coenzima Q10 consulte:
Internaf - Vitamins and Drugs
John T A Ely

Um comentário:

  1. Meu nome é Mauro, tenho SCA3-Doença de Machado-Joseph, tomei CoQ10 por cerca de 3 anos ou mais, mas não notei melhora na minha ataxia em nenhum aspecto, então, parei.
    Mauro
    14/12/2012

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